O perfil do tabagista: conhecer para combater
“Conhecendo o perfil do fumante e os gatilhos que o levam a recorrer ao vício fica mais fácil a definição de um programa de tratamento do tabagismo”, alerta a psicóloga Silvia Ismael, diretora do Centro Psicológico de Qualidade de Vida.
Estudos mostram que as pessoas fumam por estimulação, prazer, redução de tensão e vício. A faixa etária mais comum para se iniciar o vício de fumar é entre 10 e 19 anos porque o adolescente está em fase de transição e sente estresse, insegurança, sente-se estranho pelas modificações em seu corpo, incompreendido e rejeitado pelos pais. Tudo isso associado à necessidade de fazer parte de um grupo e de ser aceito, pode levá-lo a seguir modelos do grupo, importantes para a formação de sua identidade.
Em recente pesquisa, realizada no Hospital do Coração, em São Paulo, observou-se que 65% dos pacientes iniciaram o vício na adolescência para fazer parte do grupo e serem aceitos. Além disso, 70% tinham, pelo menos, o pai ou a mãe fumante, dentro de casa, reforçando que o modelo é importante na determinação do hábito de fumar.
Tanto em adultos como em jovens, ocorre aumento no consumo de cigarros em situações de nervosismo, frustração, tensão e aborrecimento. O dependente, em geral, sente-se incapaz de desenvolver atividades diárias sem o uso da droga. Há um viés negativo no conteúdo de seus pensamentos: se algo falha, ele automaticamente atribui a falta de controle. Conseqüentemente, sente-se culpado, fracassado e utiliza a droga. Tende a atribuir significados subjetivos a certas palavras, ou situações, distorcendo o significado real e objetivo. Apresenta baixa tolerância à frustração e muita ansiedade.
Sabe-se que 80% dos fumantes param de fumar sozinhos e 20% precisam de ajuda. Os psicólogos têm papel fundamental no tratamento, pois os programas multidisciplinares são os que mais funcionam. Na falta do cigarro, o fumante reage como em uma situação de perda, o que deve ser trabalhado como se fosse “luto” pela falta do cigarro. O tratamento basicamente associa o atendimento médico ao psicológico e inclui avaliação do perfil do fumante, detecção de situações que são “gatilhos” para levar ao cigarro e introduz-se a medicação a base de bupropiona associada ou não ao adesivo de nicotina transdérmica. É realizado acompanhamento da evolução do paciente e a preparação para alta e prevenção de recaída.
O profissional da saúde, no caso do jovem, não deve criticar e desaprovar sua atitude. Compreensão, motivação e sensibilização para os malefícios do cigarro são a melhor forma de abordar o problema. Também é importante que se faça a prevenção primária em escolas e instituições que lidam com o menor, e a secundária que atinge o fumante e pode evitar que, no futuro, doenças graves possam acometê-lo.
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